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quarta-feira, 29 de junho de 2011

Igreja, cadê sua língua? por Magno Aquino.

Igreja, cadê sua língua?

 

As questões que povoam a vida da Igreja tem, invariavelmente, recebido tratamento raso e nenhum cuidado; respostas prontas exaustivamente repetidas, e do outro lado do púlpito ouvidos cansados e ansiosos por palavras que façam algum sentido e satisfaça-lhes a fome de concretude e profundidade.

 

Vivemos, nós a Igreja, de esperança, a esperança viva e nova que emana da obra e vida de Jesus, o Cristo de Deus; Ele próprio a razão da nossa fé, se quisermos uma resposta absoluta e sem rodeios.

 

A minha vivência produz respostas satisfatórias a respeito da esperança estampada na minha rotina? A minha alegria é irrepreensível? Meu júbilo é franco? Atraente é a esperança em mim? Repetimos respostas e reeditamos fórmulas neopentecostais de duvidosa aparência e duvidosa eficácia; a Igreja se perde em devaneios tolos de crescimento e desaponta rebanhos inteiros.

 

A Igreja sequer olha pra trás, pra se perguntar sobre o que restou de verdadeiro no seu discurso; pergunto-me se na minha diária pregação ainda há elementos coerentes com as palavras do Cristo.

 

Sobre o que falamos mesmo?

 

Há uma desqualificação na mensagem e nas obras da Igreja, que perde a autoridade na mesma proporção em que perde a vitalidade da esperança.

 

Outra pergunta: A nossa pregação responde responsavelmente às angustiadas necessidades das pessoas que ainda nos ouvem? Quando indagados acerca da razão da fé anunciada, o que temos de substancial pra dizer?

 

Nossas fórmulas copiadas às pressas dos manuais neo-gospel até fazem certo sucesso nas noites de domingo, pra logo na segunda sentirmos fome; esquecemos a pregação do Evangelho que cura, liberta, conforta e salva do inferno e fazemos sinais de fumaça. Empolgamos sem, no entanto responder; dissimulamos com aparência de santidade.

 

Que ninguém duvide das nossas intenções, ninguém diga que não estamos nos esforçando, pois estamos e muito; gastamos tempo, recursos e energia estudando, planejando formas de suprir o alimento e a segurança do rebanho; mas é patente o nosso cotidiano fracasso. Andamos às cegas, à míngua.

 

Ouço e leio críticas à igreja em qualquer lugar, contundentes e ferozes às vezes; e ainda que tais críticas careçam de profundidade de conhecimento, é um questionamento que a própria Igreja deveria começar.

 

Qual a nossa relevância e contundência? Questionar a Igreja é prerrogativa da Igreja; cabe ao homem cristão e à mulher cristã contestar o modelo de santidade vendido por aí. Nem de muito perto é perceptível nosso processo de similaridade com o varão perfeito.

 

O que há de real consolidado do testemunho da graça no meu cotidiano e, por conseguinte na vida da Igreja?

 

É imaturo crer ser minha intenção responder sozinho ou em nome da Igreja; há em mim uma diária peleja à procura das pessoas de Deus no meio do povo de Deus e caminhar, perto e ao lado.

 

Sem furtar-nos de anunciar em todo lugar e tempo a mensagem da cruz, é urgente olharmos pra dentro, vasculhar nosso vocabulário e descobrir as nossas estéreis e vãs repetições, avaliá-las coma ajuda do Espírito Santo pra reformular as respostas, eliminar parte do arsenal e sua inutilidade.

 

Um rebanho desnutrido não sobreviverá aos mais rudimentares questionamentos ateus e existencialistas, a crítica é revitalizada pela pequenez das nossas respostas.

 

Qual a razão da nossa esperança? Ainda esperamos? Precisamos ser francos e assumir que respostas honestas e satisfatórias foram esquecidas; sobraram frases prontas aprendidas nas campanhas e palavras de ordem repetidas por gente que não tem o que falar.

 

As pessoas continuarão procurando no ajuntamento dos crentes por respostas e por refrigério, e encontrarão quando voltarmos o nosso olhar pra elas, e olharmos com a mesma compaixão e interesse que identificavam Jesus.

 

Teremos como explicar a fé quando refletirmos a partir das afirmativas herdadas pela Igreja quando esta era a mais perfeita tradução do esplendor do noivo, Jesus, Esperança Nossa.

 

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